✿ Capítulo 3

-Sofia!!! Te achei! - exclamou Luciana.

Sofia era a cadelinha dela, ou melhor, cadelona! Aquele filhotinho que fora deixado com ela para protegê-la já estava maior que ela!

No mesmo instante, Sofia foi dando-lhe lambidas de amor e pulando em cima dela como se quisesse abraçá-la.

-Calma Sofia, calma! Eu também te amo!!! - ria gostosamente. Já havia até se esquecido do porque estava triste e mudou rapidinho o seu humor - O que nós vamos fazer agora? - perguntou ela para Sofia.

Sofia latiu feliz e ficava pulando ao seu redor, então Luciana disse - Já sei! Hoje vamos pintar a sua casinha! Ela esta muito feia e simples, temos que deixá-la com mais charme!!!

Então ela entrou correndo na casa, pegou algumas das suas tintas e voltou até a casinha de Sofia.

Começou a pintar com a mão e os dedos e tudo foi se transformando numa coisa linda! Nem parecia pintura de criança... Parecia uma decoração com papel de parede comprado em lojas, de tão perfeito que ficou. Depois lavou as mãos e voltou para ver o serviço finalizado!

-Veja como ficou linda Sofia!!! Agora você vai sonhar com borboletas!!! - riu.

Sofia saltitava de alegria e logo pulou nela novamente, as duas ficaram brincando até o entardecer.

Depois, Augusta chamou Luciana para ajudá-la com a janta, que seria algo especial!

-Huummm!!!! Que cheirinho bom vovó!

-Sim! Não esta uma delícia?! Seu avô adora palitos de queijo, é uma surpresa!!!

-Ah que legal, ele vai mesmo gostar!!! - exclamou Luciana - Vou limpar a mesa e colocar os pratos!!!

Depois de tudo arrumadinho, as duas sentaram-se na mesa e chamaram George num grito uníssono.

Quando ele chegou, abriu a  boca de felicidade e surpresa e sentindo o perfume de queijo derretido no ar, foi logo sentando-se junto delas.

-Querida, você sabe mesmo como me agradar!!! - disse ele.

-Ô querido, isso é porque eu te amo! - respondeu Augusta.

Luciana observava a melação dos dois ao se tratarem com carinho e achava aquilo muito engraçado... Eles tinham nomes e nunca se chamavam por eles, só quando era algo sério!

-Tem alguma comemoração em especial para estes quitutes deliciosos? - perguntou George.

-Na verdade tem sim querido, estamos comemorando o primeiro dia de aula da Luci!

Os dois sorriram e parabenizaram ela, mas ela fez um rostinho de desânimo, lembrando que seu primeiro dia não havia sido muito legal...

-Ora meu bem, não fique assim, já disse... Isso passa, é bobagem de primeiro dia! - explicou Augusta.

-É eu sei.... - suspirou - Vovó, eu preciso voltar pra escola amanhã?

-Mas é claro! Amanhã é terça, e terça tem aula normal.

-Mas a gente não poderia fazer de conta que era sábado? Daí eu não precisaria voltar lá... E a gente podia brincar o dia todo!!!

-Olha Luciana - agora ela sabia que a conversa era séria, pois tinha sido chamada pelo nome - é muito importante irmos à escola, e é ainda mais importante encarar nossos problemas de frente. Você não precisa ter medo de demonstrar o que sente, e não deve jamais fugir das coisas que acontecem. Se alguém lhe ofendeu, conte para a professora e não deixe que te chamem assim novamente. Mostre que você é uma garota firme e madura!

Luciana compreendeu. Sabia no fundo que era uma bobagem, mas se sentia mal por ser tão diferente das outras crianças... Ela não tinha cor nenhuma no cabelo, e as meninas zombavam disso... Ela era a excluída da turma, e todos a chamaram logo no primeiro dia de Cinzentinha, a menina sem graça e nem cor. Mas ela não quis contar isso para eles, porque ficou com vergonha...

De repente, ela estufou o peito e disse em bom tom - Amanhã eu vou na escola sim vovó! E vai ser um dia diferente! Vou mostrar que não sou sem graça! Eles vão me conhecer melhor e vão ver que eu sou legal!!!