CAPÍTULO 14 - RECORDAÇÕES...

Rocal estava andando à meses a procura de Susana. Rondou praticamente a ilha inteira atrás dela e nada. Nenhum resultado. Nadinha... Ele já estava exausto, não aguentava mais fazer acampamentos toda noite e depois desfazê-los, seu cabelo já estava grande e estava atrapalhando um pouco, mas ele não havia trazido nada que pudesse cortá-lo.


_Não acredito... - reclamava ele, desolado - Não acredito que fui tão insano a ponto de fazer isso com ela... Nunca vou me perdoar... Nunca.... Não acredito que ainda não a encontrei! Eu andei pela ilha toda! E nada! Não é possível que ela tenha sumido assim... Na ilha não tem buracos muito fundos, e nem.... - parou, fez uma cara de espanto e disse - A não ser as.... As.... armadilhas dos Tiki Tiki! Eles fazem buracos no chão e tapam com grama... Se ela caiu num deles, com certeza não restou absolutamente nada dela!!!!

Ele ficou tão desesperado com a possibilidade de Susana ter sido comida viva pelos canibais, que saiu em disparada pela floresta em direção a aldeia deles...

_Mas espere.... e se ela não estiver lá? Eu posso acabar ficando em apuros... Não vou conseguir me defender de tantos... E eles tem dardos envenenados - logo ele lembrou que já havia até observado a aldeia dos Tiki tiki, de cima de uma árvore, só para ver se eles faziam Susana de prisioneira... E não viu nada de incomum - .... Céus! E agora? Não tem mais pra onde eu ir e... - de repente ele observou que, olhando para frente, havia a Montanha Negra.... - Não... ela não deve ter ido até lá....


Ficou observando seu redor... Olhou para a montanha novamente.... - Mas... eu a procurei na ilha inteira... Será que ela foi justamente pra Montanha Negra?... Daqui da pra ver as casas daqueles bruxos! Ela não seria idiota a ponto de.... ir.... Mas, ela não sabe sobre aquela montanha!

No mesmo instante, ele começou a correr em direção à Montanha Negra.... Mesmo ele nunca havia ido até lá... O povo dos Shibalba eram muito supersticiosos, e acreditavam que sobre a Montanha Negra, existiam bruxos, feiticeiros, que praticavam a magia negra, por isso o nome "Montanha negra", e ele cresceu ouvindo isso, por isso nunca se atreveu a ir lá.

Enquanto ele corria atrás do seu amor, rezando para que estivesse viva, começou a pensar sobre si mesmo, suas atitudes e sua própria vida.... O que faria se a encontrasse morta? O que seria de sua vida depois? Será que sua conciência permitiria que ele vivesse em paz? Ou ele acabaria morrendo de culpa? Talvez enlouquecesse...


Começou a pensar no que Susana estaria sentindo quando abandonou tudo... E lembrou da primeira vez que a viu....

Ela era igualzinha a ele... Mimada, mandona e não ouvia ninguém.... E agora, estava perdida. Ele se perguntava, como não acabou se perdendo também?


Lembrou então, da sua chegada na ilha....


Era tarde e o sol estava se pondo lentamente, os marujos estavam descarregando alguns barris de rum, enquanto outros montavam um acampamento... Ele era pequenino, era sua primeira viagem com seu pai. Porém ninguém sabia que ele estava ali, pois havia entrado escondido no convés, queria muito conhecer o mar, mas o pai não deixara, achava que ainda era muito novo para tal coisa.

Depois que os tripulantes desceram, eis que surge um pingo de gente saltando por entre o cantinho da rampa, e se escondendo atrá do naivo para que ninguém o visse.

Ele observou aquela floresta enorme e se sentiu tão pequeno quanto uma formiga. Teve vontade de explorar tudo, queria ser como o pai! Então, levantou a calça que escorregava na cintura, e saiu correndo para o mato. Um dos tripulantes o viu e gritou - Capitão! Veja! Seu filho! - Não só o capitão, como todos os outros olharam para o garotinho que desaparecia em meio a mata, enquanto que seu pai gritava - Roberto! Volte já aqui! Seu moleque atrevido! Volte jáááááá!!!! Se não voltar, deixo você na ilha para morrer! Robertooooo!!!!


Mas ele nem se importava com as ameaças do pai, queria mesmo era se aventurar pelo floresta como um pequeno guerreiro, em busca de sobrevivência, numa mata feroz e muito perigosa! Mau sabia ele, que seria mesmo abandonado...

Seu pai era um capitão muito rígido, e tratava todos os com pulso firme, principalmente a família. Se o garoto não o obedecia, levava uma surra e ficava de castigo, e seu melhor catigo seria morrer na ilha, sozinho e com fome, para que aprendesse a lição de obedecer seu superior. Assim o pai pensou e assim o fez. Na manhã seguinte, recolheram tudo e zarparam no navio, deixando Roberto para trás.

O pequenino, exausto de caminhar e brincar pela floresta, adormeceu sob uma folha de bananeira, e acordou só no dia seguinte, faminto e procurando pelo pai. Ele, apesar de ter apenas 9 anos, era muito esperto, e havia marcado uma trilha de volta para o navio com pedrinhas. Assim que achou as pedrinhas, pôs-se a segui-las, mas chegando na praia, não viu mais ninguém...


Então ele se desesperou... Começou a chorar e a chamar pelo pai, mas o pai já estava longe e não tinha a intenção de voltar. Roberto ficou sozinho, vagando pela beira da praia, até que foi encontrado pela tribo dos Shibauba.

Foi levado para a aldeia, e lá, a Shaman o adotou, dando-lhe o nome de Rocal, pois ninguém ali conseguia pronunciar seu nome corretamente. Assim, os anos se passaram e Roberto, agora Rocal, cresceu na mata e aprendeu os costumes e a língua da tribo, se tornando um deles com muita honra. Construiu sua casa na beira da praia onde foi abandonado, pois se um dia o pai voltasse, ele estaria lá, esperando por ele. Mas o sonho de voltar para casa acabou aos 18 anos, quando ele percebeu que realmente, ninguém jamais voltaria... A única lembrança que ficou, foi o colar de prata que sua mãe havia lhe dado antes de falecer, o qual ele nunca retirou, pois acreditava que ela estaria com ele em todos os momentos. Contentou-se com o que restava e continuou a viver seus dias, arrependido de não ter ouvido o pai, porém feliz de ainda estar vivo.


Agora, lá estava ele, perdido em meio seus pensamentos, tentando achar a garota que lhe roubara o coração, e que agora devido a sua imprudência, poderia estar morta.


Quando deu por si, já estava beirando a Montanha Negra, e olhando para o topo, viu fumaça e logo pensou - É agora ou nunca... Vou subir, e veremos no que isso vai dar...

8 comentários:

Anônimo disse...

nossa que historia a do Rocal ein.
Espero que ele se acerte com a Susana :)

Anônimo disse...

Tomara que ele ache a Susana e que parem de achar que o povo da "Montanha negra" faz magia negra.

Anônimo disse...

*-* Ansiosíssima pra saber o que vai acontecer

Gabi

Caroline disse...

Ansiosa para ver o encontro do Rocal com a Susana!

Unknown disse...

Oi meninas!!!!
Obrigada pelos comentários!!!
O capitulo 15 acabou de ser publicado!!!!

abraços! Jeh♥

Florbela Marques disse...

Ele irá encontra-la com certeza!

Beijo!

Mariana disse...

Bem...muito emotiva a parte das recordações. Senti-me triste com ela:/ mas muito bom:) Gostei:)

David Veiga disse...

Que triste o que se passou com ele. :(
Agora percebo porquê ele não falou o nome "Roberto" completo, apenas falou o seu novo nome, Rocal.