CAPÍTULO 9 - MAIS NATIVOS?

Eu estava exausta... E encardida.... Meu pobre vestido azul estava de novo sujo... Muito sujo! Mas também poxa vida! Andar uma noite inteira no meio da selva não é mole não!!! É mato grudando no cabelo, galho de árvore enroscando no vestido e galhos no chão pra tropeçar e cair... Perdi a conta de quantas vezes caí no chão...


_Huuum, que cheirinho bom!!!! - exclamei ao sentir um perfume delicioso de comida!!! No mesmo instante, comecei a seguir aquele cheiro, ou o cheiro parecia ficar mais forte, ou era porque minha fome estava tão grande que eu começara a farejar comida a quilômetros de distância...

Correndo feito louca, cheguei numa parte sem saída. Era a beira da praia e frente ela havia uma ilha, a alguns instantes de água... E agora? Vou ou não vou? E meu medo? Ah, quer saber? Que se dane o medo, eu estava com fome demais pra pensar nisso.... Me joguei na água, e pra minha sorte (ou burrice) caí de cara na areia, a água era rasa, e a ilha à minha frente era ligada a que eu estava, não demorou nada pra atravessar e num instante eu já estava pisando na outra ilha.


_Huuumm esse cheiro parece estar mais forte!!! - Olhei pra cima e no topo da ilha tinha fumaça!

Pessoas de cabeça boa pensariam duas vezes antes de subir a montanha, pois poderia ser um vulcão dando sinais de que estaria prestes a entrar em erupção... Mas eu? Eu não tinha cabeça boa não! Saí feito uma maluca subindo a montanha e imaginando que tipo de comida teria lá em cima....

Quanto mais eu me aproximava do topo mais frio começava a sentir... Ali parecia que era bastante frio e ventava muito.... Chegando no topo, depois de um pouco de sacrifício, eu estava tremendo de frio, batendo o queixo, e ao olhar para mais a frente, vi uma coisa curiosa.... Uma casa!


_Então é daqui que vinha o cheiro bom! Mas não era fumaça... Era neblina! Aqui esta tão frio!!!... Poxa alguém mora aqui e devem estar fazendo a janta.... Eu nem sei se me atrevo a bater palma lá.... Será? - pensei comigo, um tanto receosa do que poderia ter lá - Que tipo de nativos moram ai?


Comecei a ficar curiosa, e a fome não me dava trégua, minha barriga estava quase me comendo de tanto roncar! Tomei coragem e fui devagar na intenção de chamar pelos donos da casa.

_Olá? Ô de casa!!!! Tem alguém ai? - gritei perto da casa mas não na porta...

Esperei uns instantes e de repente surge uma mulher muito bem arrumada e um homem também bem arrumado... Ficaram me olhando com um ar de surpresos, mas sem darem uma palavra...


_Oi! Me desculpem se atrapalho! - falei tremendo de frio - Mas será que vocês não poderiam me dar um pouco de comida? Estou morrendo de fome!!!!

A mulher sorriu meiga e disse - Meu bem, venha comigo! Você esta tremendo, vai pegar um resfriado!!! Venha, venha!

Fiquei surpresa por saberem a minha língua, mas nem tanto, se os nativos lá da aldeia sabiam, imagina esses que aparentavam serem diferentes deles, mais cultos....

Segui a mulher, e entrando na casa, fiquei boba! - Céus!!! - exclamei mega surpresa! - Mas que casa divina!!! Não posso acreditar que existe um lugar como esse no meio do nada!


_Você vai se surpreender com as coisas que pode encontrar por aqui - disse o homem sem dar muita atenção ao meu espanto.

A mulher me guiou até o que parecia ser seu quarto, num andar superior. Fuçou nuns pedaços de pano bem grandes e pediu para eu tirar o meu vestido sujo.

Assim que o fiz, ela me enrolou naqueles panos e eu fiquei parecendo uma gueixa com aqueles vestidos orientais...

_Muito obrigada!!!! - agradeci sincera - Não sei como posso lhe agradecer!!! Por favor me perdoe se eu cheguei em má hora, não quero atrapalhar você e seu marido - falei meio sem graça.


_Imagina! Não é incômodo nenhum! Meu irmão não se importa com visitas. Gosto muito quando recebo visitas, e olha que não são muitas - sorriu.

_Que tecido é esse? Tão fofinho!!!! - perguntei acariciando meu rosto com aquele pano gostosinho.

_É lá de carneiro. Temos alguns no nosso cercado. Fazemos roupas e cobertas com ele.

_Caramba que incrível! Eu não fazia ideia de que tinha uma casa aqui, pensei que tinha comida, mas não pensei em como a encontraria... Com a fome que estou, acho que comeria até um cavalo.... - sorri.

Ela riu, e com um gesto meigo disse - Meu nome é Lakota. E o seu meu bem?

_Susana. Muito prazer! Sem querer ofender, mas como sabe meu idioma? - perguntei curiosa.


_Somos de uma família africana, de uma região da africa onde a população fala português... Guiné-Bissau, já ouviu falar?

_Não.. Desculpe - falei sem jeito - Foram vocês que ensinaram os nativos a falar português?

_Não eu, mas meu pai. Viemos para cá faz tempo, eu era uma adolescente. Ele era fanático por indígenas e povos inexplorados. Encontramos esse lugar magnífico e nos instalamos por aqui. Ele ensinou muitos povos aqui, mas depois que foi embora para o outro mundo, não sei se eles continuaram a praticar...

_Sim, eles sabem algumas coisas... - falei - Estive lá, são meio.... Estranhos, principalmente aquela Shaman. Não gostei de ficar lá... Então fui embora. Sabe, eles não.... Me agradavam muito. - Percebi que comecei a ficar triste e logo falei - Mas as mulheres de lá são enormes!!! Parecem homens se saia, são fortes e bravas!


Ela riu e falou - Você deve estar falando da tribo dos Shibauba, são os únicos que tem Shaman. Eles são amigáveis, mas não são muito confiáveis. Os homens de lá são muito autoritários e gostam de ter mais de uma esposa. Quando enjoam de uma, dão qualquer desculpa e as mandam embora. Já a mulheres, essas dependem dos homens para engravidar, e se aparece uma estrangeira, ficam hostis e podem até chegar a enganar as que acabam falando com algum homem delas.

Agora eu entendia porque aquela louca foi tão rude comigo quando cheguei lá.... E também compreendo porque Rocal me tratou daquela maneira... Realmente, ele não era confiável... Devia ter uma esposa e eu era a próxima! Ai que tristeza! Como ele pôde... Cada vez que pensava nele meu coração ficava apertado e triste, então mudei de assunto - Será que, poderia comer algo? - Ela sorriu e pediu para que eu fosse com ela até a cozinha.


_Nossa! Quando passamos por aqui não reparei em como vocês são modernos perto daqueles nativos! Meu Deus olha só esse fogão! Quem entalhou essas gravuras?

_Meu pai. Ele era engenheiro e tinha muitas habilidades que levou consigo. Mas algumas ele ensinou aos nativos, você deve ter visto lá alguma cabana deles? Fogão de pedra, pias com mangueira de folhas enroladas, e cama de folhas, essas coisas. Meu pai tentou ensinar mais, mas chegou um dia que a Shaman expulsou ele da aldeia, disse que ele estava sujando a cultura deles, alguma coisa assim...

_Nossa que tenso...

_Vá, sente-se na sala, eu irei levar um pouco da minha sopa pra você. Um caldeirão esta bom para o tamanho da sua fome? - brincou - Pode passar a noite aqui se quiser. - Disse ela, e eu  aceitei e agradeci.


Sorri e rimos juntas. Caminhei até a sala e ali fiquei aguardando a tão esperada sopa cheirosa. Estava feliz porque encontrei alguém gentil e amigável. Mas por outro lado, meu coração clamava por Rocal, a ausência dele me matava aos pouquinhos. Mas agora já era... Ele nem deve estar sentindo minha falta, e como ele mesmo pediu para eu sumir da vida dele, deve estar saltitante e feliz... 

Espero que Lakota possa me ajudar a voltar pra casa.... Tomara.... Assim esse pesadelo acaba e esqueço ele de vez....

 

4 comentários:

Anônimo disse...

ainda acho que o sentimento do rocal era verdadeiro, sussana menina que perigo ein, ja pensou se eles nao fossem tão "amigaveis" assim ?!

Florbela Marques disse...

Nossa, pasmei agora. Será que Rocal amava mesmo você?

Beijo!

Fer Fer disse...

Ual que casa show amegha! To bobenha com essa historia! Eu acho q ela n vai consegui esquecer o Rocalzão! E essa Lakota ai hein? Será q eh gente boa? Aaaaaaah publica logoooo o cap 10 q eu quero veeeer!!

Bjo bjão da Fer!

Unknown disse...

Jessica tenho um blog sou novato no ramo de blogs mas posto e atualizo meu blog toda a semana e eu amo criar historias, poriso criei o blog, gostaria de fazer parceria com voce, voce aceita? Bejos espero respostas.